A atual situação mundial, iniciada a partir do contágio em massa pelo vírus COVID-19, tornou evidente a necessidade de nos prepararmos, enquanto cidadãos, para as situações adversas, tanto de saúde pública, quanto sociais, políticas, econômicas e ambientais. Diante desse cenário, nosso compromisso, cada vez mais, passa a ser o de auxiliar as crianças e jovens em sua formação, para que se tornem cidadãos capazes de analisar criteriosamente a realidade e de lidar da melhor forma possível com essas situações. Nesse sentido, a necessidade de propiciar, aos estudantes, espaços nos quais possam se desenvolver de forma plena e integral, torna-se cada vez mais evidente.
Entendemos que, neste novo cenário mundial, marcado por questões globais, por constantes avanços tecnológicos, por fluxo de informações cada vez maiores, por mudanças no mercado de trabalho e nas relações interpessoais, educar integralmente significa oferecer ao estudante experiências diversificadas de aprendizagens que mobilizem o desenvolvimento de competências, habilidades, valores e atitudes que gerem o desejo de aprender a aprender ao longo de toda a vida, não apenas sob o ponto de vista cognitivo, mas também socioemocional. Abrir-se às novas situações, reconhecer-se em seu contexto histórico cultural, comunicar-se, ser criativo, crítico, colaborativo, tomar decisões, ser resiliente e responsável, além de ser capaz de conviver com as diferenças e diversidades são competências necessárias para o enfrentamento do “novo normal”. Ou seja, significa desenvolver o estudante em todas as dimensões: intelectual, física, afetiva, social, ética e cultural.
É importante que nossas crianças e jovens possam perceber-se enquanto pessoas que se inserem e se relacionam nesse mundo em constante transformação, sendo também responsáveis por ele e pela sociedade que o habita. A experiência de distanciamento social a partir do COVID-19, algo que a maior parte de nós nunca vivenciou, comprova essa necessidade. A pandemia e o isolamento nos mostram que nossa capacidade de lidar com essa situação, em nossas casas, depende também de termos desenvolvidas competências para lidar com o que é novo, inesperado e difícil, mas de forma resiliente – tendo capacidade de se reconstruir diante dessa situação; de forma empática – pensando no outro, na sociedade; e de forma colaborativa. O distanciamento social nos revela, ainda, que existe muito a se aprender, em casa, para além dos conteúdos listados pelas redes de ensino, ainda que estas tenham sua importância resguardada, pois caracterizam o mundo escolar. Como afirma Inês Miskalo (2020), “o isolamento social deverá exigir capacidade de organização de todos nós”. Sugerimos, a seguir, algumas ações que podem facilitar esse processo:
- Organizem uma rotina em casa, definindo as funções de cada membro da família.
- Definam, também, tarefas e atividades coletivas para que possam realizar juntos, como por exemplo, fazer refeições, jogar um jogo, assistir filmes, organizar um cômodo da casa, compartilhar uma leitura prazerosa, entre outras opções.
- Conversem a respeito do assunto e busquem informações oficiais junto às crianças e jovens. É possível fazer, por exemplo, um jogo de fake news, comparando o que escutam ou leem nas mídias informais, com o divulgado em canais da Secretaria da Saúde e Ministério da Saúde. Não criem pânico com base em informações que não são reais.
- Respeitem o espaço do outro. A maior parte das famílias não está habituada a frequentar, durante todo o dia, o mesmo espaço. Lembramos que respeitar o espaço do outro não depende apenas da questão física, mas de entender e olhar o outro empaticamente, de forma solidária, buscando entender suas necessidades. Se o tamanho da casa permitir, fiquem um pouco de tempo sozinhos – ainda que, no caso dos mais novos, esse tempo seja de, alguma forma, supervisionado. O silêncio nem sempre deve ser incômodo.
- Organizem, também, um espaço para cada coisa. Ter um local para os estudos é importantíssimo, pois isso prepara o corpo e o cérebro para a aprendizagem e auxilia na concentração. Mas caso não tenham um espaço separado em casa à disposição, criem um “ritual” de organização do local onde realizarão a atividade, como retirar objetos e outros materiais da mesa, levar o material de consulta para a realização dos estudos etc.
- Avaliem como está funcionando a rotina. Caso percebam que não estão dando conta de realizar o que foi proposto, busquem alternativas para que possam contornar essa dificuldade. Vocês podem organizar um calendário com metas de estudo ou de atividades para realizar em casa, construindo listas de coisas que fazem com que vocês se sintam bem e motivados para realizar as atividades etc.
- Respirem, façam exercícios físicos, escutem música, dancem, organizem uma alimentação saudável e com horários definidos. Cuidem do sono. É muito importante esses momentos de relaxamento e de cuidados com a saúde do corpo e da mente!
Convidamos a todos e todas, a um aproveitamento criativo e produtivo desse tempo não planejado, que nos “obriga”, também, a uma convivência não planejada. Uma convivência fora de nossas rotinas, tempos e espaços habituais. Tornar esse tempo, um tempo de qualidade, ensina nossas crianças e jovens a lidarem com o novo e diferente de forma equilibrada. Convidamos, portanto, a perceberem esse período de distanciamento social, que se prolonga, tendo em vista a necessidade de nos mantermos seguros e protegidos, para além das múltiplas dificuldades enfrentadas. Que possamos olhar esse tempo como um tempo de possibilidades, como um espaço para apresentarmos às nossas famílias uma convivência que, há tempos, não nos era permitida. No lugar de pensarmos em tudo o que não podemos fazer, vamos pensar juntos, no que fazer! Brincadeiras, desenhos, leituras, filmes, jogos, experimentos científicos, são muitas as opções... Que possamos, nesse período, proporcionar a nós, adultos, e, principalmente, às nossas crianças e jovens, uma convivência afetuosa e de acolhimento, que possibilite que se desenvolvam enquanto pessoas e cidadãos. É possível. Experimente
Contamos com vocês!
Mais informações:
Gerência de Educação do Ensino Médio e Profissional
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