As estatísticas atestam que as mulheres são minoria na Ciência e a tentativa de diminuir essa diferença de gênero é a maior motivação de um projeto que está sendo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em três escolas da rede estadual e duas da rede municipal de Joinville. Desde maio deste ano 15 alunas estão tendo oficinas de engenharia aeroespacial, energias renováveis, desenvolvimento de jogos educativos, robótica e introdução à programação.
O projeto Meninas na Ciência é realizado uma vez por semana no contra turno, de forma presencial e remota, por meio de encontros no Google Meet. Entre as oficinas já realizadas a que mais chamou a atenção das alunas e professoras foi a que abordou os princípios físicos que envolvem o lançamento de um foguete e a construção de minisatélites. Nessa oficina as equipes tiveram acesso a um vasto conteúdo. Especificações técnicas como peso, volume e estrutura dos materiais usados deveriam ser analisados pelas estudantes antes dos testes práticos.
“Vimos em detalhes como funcionam os foguetes, quais as características, e ainda mexemos em um software para construir e saber a altura que ele ia atingir no lançamento”, comenta a professora Andreia Cristina Maia Viliczinski, da EEB Marli Maria de Souza. Já a professora da EEB Nagib Zattar, Susan Laufer, destacou que, além da parte prática, as alunas tiveram aulas expositivas sobre a participação de mulheres nos lançamentos de foguetes e satélites ao longo da história, além de conhecer a experiência de astronautas do gênero feminino.
Susan afirma que suas alunas estão gostando bastante de participar, pois são tratadas temáticas que normalmente não se consegue abordar em sala de aula. “A equipe da UFSC traz atividades diferenciadas que deixam tudo muito mais atrativo para incentivá-las na ciência. Estou muito feliz e grata de participar e sei o quanto é importante o estímulo para mulheres na ciência”. Susan selecionou três alunas do Novo Ensino Médio de sua escola para integrarem o projeto.
A professora Andreia salienta o compromisso de suas três alunas: “Elas estão bastante comprometidas com as atividades propostas. Durante as oficinas participam, criam e depois trocam as experiências com seus pais”. Andreia atua no projeto com três estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental (8º e 9º ano).
Anna Carolina Rodrigues, estudante do 8º ano da EEB Marli Maria, pontua que o projeto está aprimorando seus conhecimentos: ”Estou tendo experiências muito legais sobre coisas que eu nunca tinha visto antes. Tenho certeza que vai ajudar todas nós a descobrir o que realmente queremos e gostamos de fazer, afinal lugar de mulher é onde ela quiser”.
Alunas recebem bolsa pelo CNPq
Todas as 15 estudantes recebem uma bolsa de iniciação científica júnior e estão sendo capacitadas para escrever um artigo científico sobre o conteúdo com o qual mais se identificaram. Junto com suas respectivas professoras, elas assumiram ainda o compromisso de, futuramente, multiplicar esses conhecimentos com outras turmas da escola.
Como destaca Carlos Sacchelli, professor coordenador do projeto na UFSC, o objetivo principal é discutir e refletir sobre o uso de várias tecnologias com as alunas e professoras das escolas, visando incentivá-las nas áreas de ciência e engenharia. “O incentivo através de experiências práticas com o auxílio de oficinas, equipamentos e projetos de pesquisa pode despertar o interesse pela área de Ciência e Tecnologia de jovens estudantes”, pontua ele. Para a realização do cronograma de trabalho, ele conta com um grupo de três acadêmicas e três professoras da universidade.
Escolas de Joinville que participam do projeto:
- Escola Municipal João Costa
- Escola Estadual Deputado Nagib Zattar
- Escola Estadual Professora Jandira Dávila
- Escola Municipal Padre Valente
- Escola Estadual Marli Maria de Souza
Saiba mais:
O projeto está sendo desenvolvido por acadêmicos e professores do Centro de Engenharias da Mobilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Edital de Meninas na Ciência, Engenharia e Programação. A perspectiva é que a iniciativa continue até julho de 2022.