Na rede estadual de Santa Catarina, desde o ano passado, 120 escolas-piloto iniciaram a implementação do Novo Ensino Médio (NEM). Essas escolas vêm desenvolvendo ações de flexibilização do currículo, que englobam o trabalho com o Projeto de Vida, a Segunda Língua Estrangeira e os Componentes Curriculares Eletivos. Nesta quarta matéria da série especial sobre o Novo Ensino Médio, você acompanha relatos de professores e alunos da rede estadual sobre os resultados alcançados com o Projeto de Vida.
Como explica a gerente de Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação (SED), Letícia Vieira, o Currículo Base do Ensino Médio do Território Catarinense, considera que o ser humano é composto por diversas dimensões, como a pessoal, a cidadã e a profissional. “A perspectiva do NEM é que essas dimensões sejam trabalhadas com o jovem estudante de modo articulado, recebendo diferentes enfoques nas três séries que compõem o Ensino Médio”, detalha.
A professora Renata Benedet foi durante quatro anos mediadora do Projeto de Vida na EEB Governador Ivo Silveira, em Palhoça. Ela ainda foi uma das redatoras do componente antes de ele ser incluído oficialmente no currículo.
Na visão dela, o professor precisa entender o que passa na cabeça do jovem e validar a escuta dos estudantes: “É uma fase em que eles têm muitas ideias de transformação. Com o PV eles aprendem a ser protagonistas e a escrever a sua história, reconhecendo suas potencialidades, fragilidades e sendo responsáveis por suas escolhas”.
Renata acredita que o Projeto de Vida é a mola propulsora do NEM: “O aluno vai colocar no papel seus sonhos, metas, ambições. Ele vai se entender como cidadão, pensando no âmbito profissional e ainda trabalhando suas habilidades emocionais".
Um dos destaques é a mudança de pensamento que o componente causa nos estudantes. Para a ex-aluna do Ivo Silveira, Maria Fernanda, o PV é necessário para os adolescentes descobrirem o que eles gostam e o querem para a vida: “Hoje já formada e com 20 anos eu consigo entender a importância que o PV teve na minha trajetória. Nele aprendemos a desenvolver o autoconhecimento, defeitos e qualidades. Graças a isso eu sei que tenho facilidade para vendas e sei lidar com o ser humano”.
Outro aluno que já se formou no Ensino Médio e também estudou no Ivo Silveira é o Felipe, de 18 anos. Agora ele é estudante de História na faculdade. Ele lembra que na época em fez o PV sentia que os professores queriam escutar o que eles diziam e entender seus sonhos: “O PV traz as conversas certas pra que a gente possa entender o que a gente gosta. Ajuda a formar nosso caráter como cidadãos e entender o nosso papel como aluno. Hoje como universitário e posso perceber a diferença que fez na minha vida.
Mafalda Franke é professora de Arte e também é mediadora de Projeto de Vida na EEB Mater Dolorum, em Capinzal. Ela relata estar encantada em trabalhar com PV. “Me fez enxergar o aluno de uma maneira diferente, com um olhar mais sensível, confiante e humanizado. Desenvolvemos a formação do aluno de forma mais completa, trabalhando as competências necessárias com uma educação mais concreta”, finaliza.
Saiba mais
O componente curricular Projeto de vida está fundamentado na Lei 13.415/2017, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além das Diretrizes Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (2018). Esse componente busca oportunizar aos estudantes a vivência de situações de aprendizagem e experiências que reflitam seus interesses e lhes permitam fortalecer a autonomia e desenvolver protagonismo e responsabilidade sobre suas escolhas futuras. A ideia primordial é a participação ativa dos jovens na construção de um percurso formativo tendo em vista seus projetos de vida.